a fantástica Eva Green encarna a contraditória Morgana da lenda na série de TV
As Brumas de Avalon talvez seja o melhor livro moderno que eu já lí...não se compara ao arsenal de frases imortais, como a busca por um cavalo, da parte de Ricardo III em Shakespeare, mas sim numa releitura extraordinária dos mitos celtas através da passagem de Arthur Pendragon pelas terra pré-inglesas...
A personagem central é Morgana (Morgan a mulher vinda do Mar), que na mitologia de Arthur Pendragon é irmã/tia dele...nas Brumas de Avalon a fada Morgana se divide em duas, Morgana (protagonista, a irmã do rei, herdeira de ducados e das terras encantadas) e Morgause (antagonista incerta, mulher de Lot do Norte, feiticeira e mãe de grandes guerreiros).
A divisão da fada Morgana é de extraordinária felicidade, pois da coêrencia as lendas contraditórias, que colocam hora a personagem lendária como vilã, hora como heroina...
Arthur Pendragon nas lendas e nas Brumas de Avalon vive no conturbado período da retirada generalizada romana dos territórios ocupados pela Europa, Ásia e África, em virtude da emigração germânica para o centro do Império e da guerra milenar travada no oriente contra os semitas (milenar porque se iniciou antes de Alexandre, quando os Persas atacaram a Hélade e prosseguiu dos helenos para os romanos sem tréqua - os desdobramentos até hoje estão aí pelo mundo, um mundo onde a Europa recebe nova emigração de povos - africanos e semitas, para a necessária revitalização do continente europeu e para fugir da calamitosa situação economico-social do mundo oriental, mas trataremos desse assunto em outra ocasião).
Os romanos ficaram séculos na Britãnia, nome das ilhas que compõem hoje as ilhas Britânicas e da porção noroeste da Gália Franca, desde antes dos francos...Lá infundiram seus mitos politeístas, como os mitos de Mitra (importante em outra releitura famosa dos contos de Arthur, as Crônicas do Senhor da Guerra, de Bernard Cornwell, que também trataremos mais tarde)...Infundiram também o cristianismo pós Constantino, via apóstolos (no sentido cristão pré-reforma de pastor de novas ovelhas) diversos, como Columbano, depois entre os santos da igreja, mesmo no período pré-proliferação dos santos católicos - antes da idade contemporânea existia grande parcimônia por parte da igreja católica ao dar lugar a alguém entre os bem aventurados, mesmo Joana - padroeira da França ao lado de Dinis de Paris - só virou Santa no século XX).
Retiradas as legiões, ficaram os povos locais autóctones (pictos e supóstamente celtas - muito improvável embora o termo autóctone aplicado ao homo-sapiens seja altamente controverso de ser "aplicado" além da região nordeste da África), emigrantes latinos e imperiais afins na Britãnia...Não eram mais apenas o povo de Boadiceia (rainha semi-lendária histórica que lutou contra a ocupação imperial), eram mais, eram cristãos e politeístas num caldeirão de civilização pré-moderna...
No livro As Brumas de Avalon, existe a ilusão de tolerância entre os cristãos e politeístas celticos, muito compreensível nos termos do livro, como uma tolerância imposta pelos governantes, quando "estes" tolerantes...A tolerância se rompia ao sabor do fanatismo da liderança de um lado ou outro...
Arthur Pendragon era sucessor dos históricos Magnos Máximos - o Grande Máximus, ou Magnus o Grande (este partiu com as legiões para tentar ser imperador em Roma pela força das armas) e Ambrosius Aurelianus. Arthur era filho de Uther Pendragon (semi-histórico)...sendo por muitos considerado o nome Arthur uma corruptela de Arth-Uther - o Urso de Uther em celta (podemos conjecturar se não era o Arthur histórico o próprio Uther Pendragon (Pendragon - o Grande Dragão)...Arthur Pendragon retrata o apogeu e a decadência epiloga dos celtas - os keltai - pois venceu a batalha de Monte Badonicus aos saxões (Mont Badon) e atrasou em uma geração a inexorável conquista anglo-saxã...
O periodo do livros se inicia com a infancia de Morgana de Kernow (Cornwall ou Cornualha - era filha do Dux Galois da Cornualha - Galois é um nome estranho, como muitos no mito do Pendragon, especialmente Lancelot duLac - provavelmente vindo das lendas celtas de Arthur da parte da Bretanha francesa) e o nascimento de Arthur Pendragon (Arthur e Morgana eram irmãos apenas por parte de mãe nas Brumas de Avalon. A mãe deles, Igraine, foi esposa do Dux Garlois e roubada por Uther Pendragon virou Grande Rainha em Caerleon (para muitos Camelot).
Os livros se findam com a morte de Arthur Pendragon, enterrado por Morgana de Kernow em Ynis Vitrin - a Ilha de Vidro...
As Brumas de Avalon é extensa...4 volumes tratam esse período e trazem à luz os supla-citados e mais: a rainha Gwenhwyfar (Guinevere ou Genebra) o bardo semi-mágico Taliesin (historico), o Merlin (nas brumas de Avalon um cargo do bardo líder-sacerdote masculino), Elaine e Viviane (outras face de Morgana, como Mãe e Filha), a Senhora do Lago (líder da religião antiga politeísta), a espada encantada de Excalibur (aço cortado, para muitos de um cometa), Lancelot duLac (Lancelot - flexa de duente - do Lago - filho da Senhora do Lago Viviane), Mordredh (filho de Morgana vinda do Mar e Arthur Pendragon), Tristan e Isota (Tristão e Isolda) e Galahad, o buscador do Graal...
emfim..fantástico demais, e interessante demais para ser tratado num único texto...
O autor é um apaixonado pela história em geral e da Inglaterra em especial, o que se reflete em romances que retratam conflitos ocorridos em território inglês (como na série A Busca do Graal, situada durante o período de conflito entre Inglaterra e França conhecido como Guerra dos Cem Anos, ou ainda em crônicas como as do Rei Artur, onde Cornwell, com sólida base histórica, dá uma versão muito pessoal ao senhor da guerra. (wikipedia)
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